É notório, vemos um mercado de carros usados e seminovos de “vento em popa”, podemos dizer que segue em alta, porém é necessário ter-se atenção para os pequenos problemas que, se observados, de perto são enormes. Um destes problemas é a questão do estoque baixo e a falta de fontes de reposição que as lojas e revendedoras estão enfrentando. Não se pode desprezar a lei da “oferta e da procura”, onde os mercados se apoiam e interferem, conforme este produto vai ficando muito ou pouco disponível para compra.
A alta demanda aliada a falta de automóveis pode ser implacável e criar um ambiente que vai propiciar o aumento nos preços. Temos de entender que o aumento de preço é sempre nocivo, seja para o consumidor, mas também para os comerciantes de carros novos e usados, por afetar seu giro de estoque, seu movimento na loja, lucro, rentabilidade e a grande insatisfação que o consumidor sente ao não ser atendido dentro da sua expectativa de compra. Percebemos que os carros aumentaram de preço, sofreram na verdade um processo de alta inflacionária, não exatamente ocorrido pelo natural processo de valorização do produto preenchido pelo consumidor ou mesmo pela sua melhoria de rendimentos. Muito pelo contrário, o aumento é devido a esse fenômeno da escassez dos produtos.
No Brasil, estudos adquiridos pela FENAUTO, demonstram que o ticket médio do carro usado vendido em dezembro de 2020 atingiu o maior valor do ano, atingindo o valor de R$ 48.823. para que possamos fazer uma análise básica no ano de 2019, este índice apontava uma compra média de R$ 42.103, um aumento de quase 16%. Este resultado mostra que atualmente, segundo a entidade nacional representante das associações de revendas do Brasil, quem deseja comprar um seminovo em Salvador, ou no interior do Estado, precisa pesquisar muito e pechinchar, se quiser fazer um bom negócio.
Não é segredo que vivemos um ambiente de instabilidade econômica gerando uma insegurança financeira, em meio à maior crise sanitária já vivida na história do nosso país, gerando incerteza e colocando qualquer tipo de previsão arriscada, ou seja, neste momento tão difícil que vivemos, nem os melhores e mais experientes analistas estão fazendo projeções.
Mesmo assim, pode-se arriscar afirmar que as vendas de veículos seminovos e usados vão ficar estabilizadas e até crescer na maioria dos Estados brasileiros, pelo menos no primeiro trimestre de 2021.
Houve na história do mercado de usados, mais precisamente após 2008, no segmento, uma recuperação muito expressiva, com números que nos fazem ver um caminho mais tranquilo, e segundo a FENAUTO, o desempenho não foi melhor porque faltou produto. A entidade ainda deixa registrado que: “Essa escassez ocorre até hoje, porque os protocolos de prevenção da Covid-19 ainda comprometem o fluxo de produção das montadoras. O mercado de seminovos e usados está intrinsecamente relacionado com o de usados. A Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), apresentou dados do o volume de vendas de seminovos, no acumulado de 2020, registrando uma queda, levando os números para negativo em 12,1%, mesmo que este resultado tenha sido inferior às estimativas iniciais feitas no começo da pandemia, que previam perdas maiores para o setor”.
O volume de vendas diárias ocorridas em dezembro, apresentou a marca de 72.593 unidades em todo o Brasil, um total 23,6% maior do que o mesmo mês de 2019. A comercialização e vendas de seminovos ou usados registraram o total de 11,4 milhões de unidades. A venda de seminovos por meio da plataforma OLX cresceu 13% em 2020, comparada ao ano anterior, mostrando que o crescimento é real e que a internet é um meio de compra que está evoluindo. De fato, as vendas de usados estão a todo vapor, principalmente pelos usuários que utilizam carro para trabalhar, como no caso dos que atuam pelos apps, delivery ou por todas as pessoas que procuram alternativas mais baratas para fugir do transporte público. Em Mato Grosso, o mercado se apresenta na mesma direção. Aqui temos um mercado forte, torcemos para que a vacina chegue a todos no menor tempo possível e traga tranquilidade para a economia e salve o mais importante que é a vida das pessoas.
Colunista MT Econômico: Ricardo Laub Jr.
Historiador e Empreendedor graduado no Curso de Licenciatura Plena em História na UFMT- Universidade Federal de Mato Grosso e em EMPREENDEDORISMO (2005) pelas Faculdades ICE. Com Mestrado em História Contemporânea pela UFMT/PPGHIS. MBA – Master in Business Administration em Gestão de Pessoas, MBA – Master in Business Administration em Gestão Empresarial e MBA – Master in Business Administration em Gestão de Marketing e Negócios. Professor na faculdade, Estácio de Sá – MT, Invest – Instituto de educação superior. Presidente da AGENCIAUTO/MT- Associação do Revendedores de Veículos do Estado de Mato Grosso, com larga experiência profissional na elaboração de planos de negócio voltados para o ramo automobilístico, gerenciamento comercial, administrativo, controle de estoque, avaliação de veículos, processos operacionais e estratégicos para empresas do setor automotivo e gestão de pessoas no âmbito organizacional.
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